quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Depoimento - Xico Sá (Escritor e Jornalista)


Então está combinado: homem que bate em mulher fica definitivamente proibido de ser chamado de homem. Pela delicadeza permanente. Contra a idéia torta e maligna da tal “honra” do macho latino. Pela conversa, pelos beijos, nunca pelos tapas. Sejamos devotos às moças e a elas todas as nossas melhores preces. - Xico Sá, escritor e jornalista



segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Maria da Penha, a mulher que sobreviveu à tentativa de assassinato pelo marido e virou nome de lei

Revista TPM - Texto por Décio Galina, de Fortaleza. Fotos: Arquivo Pessoal




Maria da Penha Fernandes é uma sobrevivente. Seu marido tentou matá-la duas vezes. A primeira com um tiro nas costas que a deixou paraplégica. A segunda eletrocutada no chuveiro. Ela foi à forra - além de prender o criminoso, batizou a lei que protege a mulher vítima da violência doméstica.



Maria da Penha encara a foto para o passaporte, quando foi conhecer a Argentina

Maria da Penha tem sono pesado. Capota e só acorda no dia seguinte. Na madrugada de 29 de maio de 1983, porém, teve seu repouso interrompido pelo pior pesadelo da vida. “Acordei de repente com um forte estampido dentro do quarto. Abri os olhos. Não vi ninguém. Tentei me mexer. Não consegui. Imediatamente fechei os olhos e um só pensamento me ocorreu: ‘Meu Deus, o Marco me matou com um tiro’. Um gosto estranho de metal se fez sentir forte na minha boca, enquanto um borbulhamento nas costas me deixou perplexa.” Entre desmaios e devaneios, a mulher, então com 38 anos, tinha momentos de consciência. Por mais que estivesse acostumada com os gritos, as explosões de fúria e os empurrões do marido, Penha custava a acreditar que fora alvejada por um tiro de espingarda disparado pelo homem que escolheu para ser pai de suas três filhas (na época com 6, 5 e 1 ano e 8 meses). Não concebia tamanha covardia. “Quando os vizinhos chegaram ao meu quarto, demoraram a perceber o ferimento, pois eu estava de costas, com o sangue escorrendo no colchão.” Para acobertar sua intenção diabólica de assassinar a própria mulher em pleno sono, Marco se fantasiou de vítima de um suposto assalto: rasgou o pijama, pôs uma corda no pescoço e disse para a polícia que havia sido atacado por uns bandidos. O teatro não funcionou. Mas a verdade demorou, demorou quase 20 anos a aparecer e levar o economista e professor universitário colombiano Marco Antonio Heredia Viveros para onde devia estar há tanto tempo: atrás das grades.
Os quatro meses seguintes após a tentativa de homicídio foram de cirurgias em hospitais de Fortaleza, onde Penha nasceu, e de Brasília. Maria da Penha Maia Fernandes, farmacêutica bioquímica formada pela Universidade Federal do Ceará e mestre em parasitologia pela USP, resistiu firme, mas sua vida não seria mais a mesma. “Após vários exames, chegou a hora da avaliação que diria se eu ia voltar a andar ou não. Como profissional da saúde, antevia o fatídico diagnóstico. Como paciente, ousava sonhar, pedir aos meus santos... Enfim, declararam: nunca mais andaria.” De volta para casa, na cadeira de rodas, Penha ainda teve que fazer força para escapar de outra atrocidade do marido: ele tentou eletrocutá-la embaixo do chuveiro. Marco, então, foi embora para ficar com uma amante no Rio Grande do Norte.
Ela mudou a história 
E Penha transformou sua existência na luta pelos direitos das mulheres que sofrem com a violência doméstica. Em 2001, conseguiu que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) condenasse o Brasil por negligência e omissão pela demora na punição do marido. Daí a semente para que, em 2006, o presidente Lula sancionasse a lei 11.340, a lei Maria da Penha, que cria mecanismos para coibir a violência familiar contra a mulher e prevê que os agressores sejam presos em flagrante ou tenham prisão preventiva decretada. Além disso, aumenta a pena máxima de um para três anos de detenção e acaba com o pagamento de cestas básicas , como acontecia anteriormente com os agressores. Hoje, Penha é colaboradora de honra da Coordenadoria de Mulher da Prefeitura de Fortaleza, dá palestras em faculdades e recebe homenagens por todo o país. Ela acredita que o ex-marido viva no Rio Grande do Norte. Em um sábado de sol e calor (será que algum dia faz frio em Fortaleza?), Maria da Penha recebeu, em casa, a reportagem da 
Tpm para lembrar dos dias mais dramáticos e dos mais felizes de seus 63 anos.
Tpm. Como foi a sua infância em Fortaleza? Maria da Penha. A minha mãe sempre procurou bons colégios. Ela primava em dar uma educação de valores, não só de instrução. Estudei em colégio dirigido por irmãs. Na hora de brincar, ia para a calçada, jogava bola, pulava corda. Dia de domingo a gente ia para a praia. Meu pai levava as amigas da gente junto numa caminhoneta. Ele gostava de pescar nas pedras.
O primeiro namorado apareceu logo? Ah, sim, eu era garota precoce, quer dizer, sempre fui muito alta para a minha idade. Quando tinha 12 anos, meu corpo já era de gente grande. Namorei uma pessoa que morava perto daqui. Acharam um absurdo. Tão nova, namorando. Só podia na morar depois dos 15 anos...
Praticava algum esporte? Sim, na escola jogava vôlei, era levantadora, e pingue-pongue. Cheguei a participar de campeonatos. Ano passado, ganhei medalhas em tênis de mesa para pessoas com deficiência.

Quando surgiu o desejo pela bioquímica? Queria uma área médica, mas não medicina, porque não iria conseguir enfrentar uma cirurgia. Minha avó sugeriu que fizesse farmácia. Fui para a área de análises clínicas. Sou da primeira turma da Faculdade de Farmácia e Bioquímica, de 1966, na Universidade Federal do Ceará.
Nesse período você morava com os pais? Não, aos 19 anos eu casei, movida por uma paixão violenta. Depois de mais ou menos um ano o casamento não deu certo. Eu querendo avançar, progredir nos estudos, e ele, muito machista, não aceitava o estudo, não aceitava trabalhar fora. Daí separei, viajei para continuar os estudos na USP, onde concluí o mestrado na área de parasitologia. Fiquei no apartamento de uma amiga. A vida universitária foi muito agradável.
Foi aí que você conheceu o seu segundo marido, o Marco Antonio? Foi. Ele era professor de economia. Chegou a São Paulo e foi morar no apartamento de um grupo que eu conhecia, estrangeiros da Colômbia, da Bolívia, da Venezuela, do Equador. O grupo era unido para passear, conversar, ir às festas.
O que te chamou a atenção nele? Achei a conversa interessante. Até o dia em que ele me levou ao cinema. Não lembro se foi na avenida Paulista ou no Iguatemi. Depois passou a ir ao apartamento que eu dividia com mais mulheres. Comecei a gostar do jeito dele de ser prestativo. Se tivesse um chuveiro elétrico quebrado, ele já ia consertando. Isso aí chamou a atenção inclusive da mãe de uma colega da Paraíba que passava temporada em São Paulo. Ela dizia: “Ah, se a minha filha arranjasse um namorado igual ao seu...”. Depois de alguns meses resolvemos juntar os mulambos. Como eu era desquitada, casamos na embaixada da Bolívia, onde tínhamos uns conhecidos. Minha primeira filha nasceu em São Paulo.
Você voltou antes para Fortaleza e ele veio te encontrar aqui alguns meses depois? Foi. Mas aí ele começou a mostrar um comportamento agressivo. Já estava grávida da segunda filha. Ele tinha um ciúme exagerado da minha família. Quando a segunda filha nasceu, os problemas aumentaram, a decepção também. Perto de a terceira filha nascer, ele começou a bater nas crianças. Já tinha perdido toda a esperança no relacionamento. Só me preocupava em evitar situações que pudessem incomodá-lo.
Você começou a fazer manobras para preservar as filhas... Exato. Tentei convencê-lo de uma separação. Era a única coisa que eu podia fazer. Não existia lei pra me proteger ou alguma coisa pra me orientar.




Maria da Penha, eleita a Rainha dos Calouros, ingressa no curso
de farmácia e bioquímica, em 1962

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O Esporte Clube Corinthians Paulista é o mais recente apoiador da campanha Homens Unidos pelo fim da Violência!


O Timão, no ano de seu centenario, adere à causa da nao violencia contra as mulheres participando ativamente da coleta de assinaturas.

O site do clube criou um link direto entre sua torcida e a campanha. Basta clicar no banner e assinar a adesao e para isso é necessário apenas um endereço de email e o nome.

Este apoio significa muito para a causa. O Esporte Clube Corinthians abre as portas para sensibilização de incontáveis homens, mulheres, jovens e crianças que se encontram no esporte.

A campanha brasileira e a campanha mundial agradecem à adesão de um dos mais importantes clubes de futebol do mundo que, com essa atitude, partcipa da construção de uma cultura de paz para o planeta!



Fonte: Equipe Campanha Homens Unidos para o Fim da Violência Contra as Mulheres

domingo, 17 de janeiro de 2010

Nota de solidariedade

A Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres se solidariza com o povo do Haiti que sofre as conseqüências do terremoto que devastou o país na última terça-feira (12/01) e com os familiares dos brasileiros vitimados pela tragédia, entre eles a Dra. Zilda Arns, cujo trabalho à frente da Pastoral das Crianças transformou a vida de crianças e mães no Brasil e em tantas partes do mundo.



Dra. Zilda Arns

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Brasileiro ABC participa de esforço mundial para acabar com violência contra mulheres

Representantes do grupo ABC, junto com executivos da Clinton Foundation, ONU, agência de Saúde do Governo dos EUA e Organizaçao Mundial de Saúde, estao realizando reunioes na África do Sul, Tanzânia e Moçambique até o próximo sábado, debatendo a violência contra meninas e mulheres nos continentes africano, asiático e sul-americano. Essa forma de violência é um dos principais causadores de doenças sexualmente transmissíveis e levam países menos desenvolvidos a ter uma expectativa media de vida de apenas 32 anos. O objetivo é criar um plano de marketing, comunicaçao e mobilizaçao da sociedade civil com o objetivo de informar e conscientizar, promover a mudança de leis e criar uma cultura de nao-violência sexual contra crianças e mulheres.

Fonte: Site BlueBus

Geisy Arruda. Uma brasileira.

Resta-nos não esquecer o caso!

Em artigo publicado na edição de dezembro da Revista Cláudia, a ministra Nilcéa Freire lembra que, passado o auge da polêmica envolvendo a estudante, . "Geisy Arruda é uma mulher. Uma brasileira. Uma mulher - como somos todas - inserida em uma sociedade conservadora, repressora e machista e educada por ela", afirma.

NILCÉA FREIRE (*)

Passado o auge da polêmica envolvendo a universitária Geisy Arruda – que foi hostilizada, expulsa da universidade e readmitida horas depois devido às roupas que usava –; resta-nos o desafio de não esquecer o caso. Além disso, entre os três momentos pontuais citados, houve vários outros que o Brasil e o mundo testemunharam, e todos eles nos dão conteúdo para muita reflexão: o episódio, que mostrou centenas de pessoas se insurgindo contra a estudante – se sentindo no direito de xingar, coagir, humilhar e ameaçar –, chocou o país e fez inúmeras vozes se levantarem contra e a favor dela. Afinal, qual teria sido o seu erro, a sua falta, o seu crime? O motivo da confusão é tão absurdo que corre o risco de se diluir no meio da própria confusão. E é isso que a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres – uma das tantas vozes a favor de Geyse – não quer que aconteça.

Geisy Arruda apenas se vestiu. E a roupa que usou não carece de adjetivos. É rosa? É curto? O foco da discussão deve ser outro: a quem cabe definir o que é passível de ser considerado “normal”? A quem cabe decidir sobre “comportamentos adequados”?

Geisy Arruda é uma mulher. Uma brasileira. Uma mulher - como somos todas - inserida em uma sociedade conservadora, repressora e machista e educada por ela. Uma mulher como qualquer brasileira, que tenta construir sua vida, que tem desejos e vulnerabilidades. A mesma mulher que pode vir a precisar da Central de Atendimento a Mulher – Disque 180 – para denunciar violências – física, moral, psicológica, contra o patrimônio. A mesma mulher que, às dezenas, é assassinada diariamente no país pelo marido e companheiro. Geisy é mais uma brasileira que, aos poucos, compreende a importância de denunciar a violência para romper o círculo de silêncio, fazer valer os seus direitos, defender-se, proteger-se e ver julgados e punidos seus agressores.

Mas são também muitas as brasileiras que participam e lutam diariamente, debatendo as questões de gênero e apontando que o fato de sermos mulheres não pode nos obrigar a dar explicações sobre nossas escolhas estéticas, profissionais, afetivas. Ainda bem que há muitas vozes para nos lembrar que são as mulheres que devem decidir sobre seu próprio corpo, suas roupas, suas relações de afeto, seu comportamento.

Aprender a conviver com as diferenças e com a diversidade é um exercício que qualquer sociedade que se pretenda democrática precisa fazer cotidianamente. Ou não haverá democracia nem liberdade. Nem para mulheres nem para homens. E mais do que sobre a pertinência da roupa de Geisy é sobre esta questão que devemos focar nossas reflexões.


Nilcéa Freire


* Nilcéa Freire, 57 anos, médica, é ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. Foi reitora da Universidade do Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) de 2000 a 2003.

Depoimento Flávia Lippi

Violência gera Violência.

Num lar onde impera a paz, a harmonia e o respeito, as crianças crescem com o amor necessário para serem líderes pacíficos de mães amadas e respeitadas.
Num mundo onde a violência é erradicada dentro de casa , construímos um mundo possível de ser vivido pela força dos seres sem preconceitos e discriminação pelo sexo oposto.


Flávia Lippi

Flávia Lippi
Master Coach